sexta-feira, 1 de agosto de 2008

RELAÇÃO SUBJETIVA DA DISCIPLINA


RELAÇÃO SUBJETIVA DA DISCIPLINA: Pais X Filhos / Alunos x Professores Por que a autoridade está em crise? Perguntou-me dia desses uma mãe-professora ao questionar a dificuldade em manter um domínio na turma e obediência de seus filhos. Não será por que é difícil exercer a autoridade com equilíbrio? Respondi-lhe com outra pergunta. Coloquei-me então a refletir sobre esta questão que levou-me à seguinte consideração: - Faz-se necessário atentar para o sentido em que a palavra “domínio” deve ser interpretada nos nossos dias. Facilmente oscilamos entre o abuso e a carência de firmeza. E, por cúmulo, confundimos autoridade-influência com autoridade-poder. A maioria de nós educadores, acostumados a uma obediência rigorosa, não sabemos o que fazer diante da nova ordem das coisas. A desobediência de que tanto se queixam os pais, professores, certamente não é uma questão para ser resolvida com uma simples palavra: OBEDEÇA! Também não é insolúvel. Com um pouco de esforço, de reflexão, de boa vontade, pode-se encontrar um caminho, uma solução. Sabemos que a rebeldia das crianças e dos jovens não aparece por acaso. É preciso, antes de tudo, que descubramos suas causas. Em geral, estas nunca se encontram de um lado só. Por isso, antes de estudar o caso de nossos jovens, é bom que reflitamos sobre a conduta dos pais em relação a seus filhos e dos próprios professores em relação a seus alunos. Será que pais e professores não estão errando na dose e sendo, muito permissivos ou muito autoritários? Em geral, crianças e adolescentes têm aversão às leis. Rejeitam uma lei que lhes é imposta do exterior sem qualquer ligação com sua subjetividade. Reportemo-nos a Sigmundo Freud, que há muito tempo, ao falar de subjetividade, expôs sobre os três sistemas da personalidade: o id, o ego e o superego; sendo que este último lida diretamente com a questão da autoridade, estabelecendo uma relação de continuidade entre a disciplina familiar e a escolar; o pai/mãe representa a autoridade em casa que é transferida para a figura do professor na escola, portanto, se se respeita o pai em casa, considera-se que, por extensão, o professor também será respeitado na escola. Por outro lado, percebemos também um verdadeiro culto às leis que lhes parecem necessárias ao próprio êxito, ao sucesso daquilo que eles consideram importante no momento. É assim que as crianças e adolescentes procuram libertar-se de certas formas de opressão que revestem seus atos até tomarem consciência de seu poder de ação. No plano educacional e familiar, entram num período de dúvidas, de desconfiança, de rebeldia. Começam, então, a ruptura, a evasão, a recusa e pouco a pouco a oposição ao mundo dos pais e tias-professoras. Não querem mais obedecer quando são “mandados”. Tendem a fechar-se em si mesmos, ruminando suas recusas ou a unir-se em grupos examinando minuciosamente impressões novas e lançando-se em buscas arriscadas. Esta crise de nossas crianças e jovens nasce da necessidade de ver o mundo com clareza, de respirar livremente. Anseio este que hoje faz parte da vida dos adultos, também, em virtude da difusão da informação, tecnologia, opções de vida, etc., tornando-se cada vez mais difícil apontar o caminho certo a percorrer. Como vemos, os problemas disciplinares de nossas crianças e jovens, de nossos filhos e alunos coincidem com os problemas psicológicos e fisiológicos da infância e puberdade, revelando profunda necessidade de pais e professores em se esforçarem mais ainda e obterem conhecimentos que ajudem a lidar físico e psicologicamente com esta fase da vida deles. Outro motivo que os levam à indisciplina e desobediência, de que tanto se queixam pais e professores, é a questão referente às mudanças de valores morais, estéticos e éticos no tempo do 3º milênio, assim como o surgimento de novos valores. O que percebemos é que mesmo os pais e professores que se dizem modernos, muitas vezes agem com extremo autoritarismo, apresentando às crianças e jovens o aspecto da obediência obrigatória, punitiva e não mostrando com clareza os valores positivos da honra, da obediência, das normas, das regras e do que isto representa, provocando uma reação negativa diante desta lei apresentada sem relação alguma com a realidade de vida de seus filhos e alunos. É necessário por parte dos pais e professores uma observância maior quanto aos valores que prevalecem ou devem continuar a prevalecer na atualidade, tendo o cuidado de não apenas liberar, reprimir ou reprovar os valores e comportamentos dos jovens, mas permitindo um diálogo aberto, onde ambos falam e ouvem, resultando num crescimento mútuo. Percebemos que, embora insuficientes, alguns segmentos da sociedade têm se preocupado com esta questão e empreendido esforços para minimizar tal problema. No entanto, acreditamos que é primordial que os cursos de formação de professores incluam em seus currículos conteúdos fundamentais que subsidiem a formação pessoal e acadêmica de alunos, pois só assim a melhoria se manifestará na práxis de todos os futuros professores.